terça-feira, 3 de abril de 2012

Porque eu sou cego.

Diz-me o que vês ali, porque eu sou cego.
Diz-me porque caí, porque eu não vejo.
Eu não sei nada sobre paisagens.
Eu não sei quase nada que não me definam.
Mas faço da simples brisa um fato sem medida...
Porque para mim os tons profundos do mundo
vêm do tato e do cheiro...
e principalmente, vêm do que eu sinto.
E se eu erguer um brinde à luz,
deixa-me brindar! Que mais poderei fazer?
Porque o sonho mais dificil de matar,
é o impossível de viver...
deixa-me divagar e devagar correr.
Define-me tolo e incoerente...
define-me básico e indigente...
mas não me definas a dôr de uma alma amputada,
de uma alma sem direito a brindes...
porque disso não vês tu nada!

Óscar Dinis

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