Quis ser um lenço de sombra,
Para me abanar no verão,
Mas tive relógios de cera,
Derretidos sem perdão,
Vi findar a terra quente,
No precipício do outono,
Rajadas de moça gente,
Já só gente, tempo dono.
Quis ter um sótão de estio,
Para me esconder do inverno,
Mas vi arcas de um tesouro,
Enlameadas de inferno,
Quis ser vida e vida fui,
Tão pouca, grande quimera,
Só fui imortal um sopro,
Nos idos da primavera!
Óscar Dinis
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