Aqui me caio, aqui me deitam, aqui me durmo.
E sonho tão alto e profundo,
Que não tenho mais nada nos ossos,
Que a melodia calada de outro mundo.
"Vai a correr trocar às margens da meia noite
Os ponteiros dos meus rios, Barco á vela!
...Se um morcego não trouxer a lua,
Ao beiral desta janela.
Ao beiral desta janela.
Vai a correr! Resgata o mar e as vielas!
Que nas vagas que este sonho tem,
Há só pedaços de nada,
E sonho os sonhos de ninguém!"
Pareço ver gárgulas e sebes de betão,
Neste sonho em espiral tão descendente,
Que nem de mim descende,o irredento!
Que tanto me abraça e desprende em frio pela escuridão.
Acho que morri. Senti uma guita qualquer a partir,
Através de uma memória tão esticada que afunilou,
Um elástico de lembrança que se quebrou...
E eu que durmo, caio deitado e por aqui não me estou".
Óscar Dinis
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