"E não fora eu um teu soldado? Não fora em mim que tuas preces se depositavam? Quem mais de mim quis exemplo? E quando à tua volta tudo te parecia huno e estrangeiro quem te socorreu o nome e a faina? As ovelhas? Os dedicados "invisíveis"? Que raio de imperador és tu?...que me viste de arma em punho, em riste, batalhando todos os dias de cada dia sem vontades, arrancando-as às alminhas que afinal nada te queriam dar, que nunca nada te deram, senão por medo? Levas-me agora à mesa "retangulada" , envergonhado da tua presença ausente, rodeado por dois tribunos de fraldas lex, como se isso tivesse alguma importância, sem me contares a verdade e sabendo que eu já a sabia? Que raio de imperador és tu? Que luta afinal não entendeste? Se a "pátria" te elegeu assim farei, sugado à terra o meu sangue será extinto e nas sete mãos de deus cada caverna de Homem, nunca terá o teu nome. Mindel ainda lá voltou por mais três vezes mas de cada vez os seus olhos o breu mais carregados. Que raio de imperador és tu? Tal qual Cremilde, a "esperançosa", tal qual Cremilde, a "odiosa", teceste as teias do teu próprio fim sem que o alento dos dias dos gritos triunfantes te quisessem a brilhar, em sabedoria, e por amor."
Óscar Dinis
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