quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nos porões da mansidão...


Nos porões da mansidão,
Dás ao ilustre a certeza,
Que os rios já te afogaram,
Que não és mais que tristeza.
Levaram-te os sonhos e os gritos,
E és alma nua e pobreza,
E és carpida solidão,
Dás ao ilustre a certeza.
Silencio, é o que dás,
Na tua boca fechada,
Já não és vento que vem,
Já nem és tempo nem nada.
Já não és povo nem pátria,
Dás ao ilustre a certeza,
És matéria esfomeada,
Pobre gazela indefesa.
Vi-te antes esbracejar,
Teres ideais e nobreza,
Vi-te leões derrotar,
Nas lutas da incerteza.
Nos porões da mansidão,
Vejo-te hoje crucificado,
E na tua boca calada,
O teu poema ignorado.

E dos teus que estão para vir?
Dás ao ilustre a certeza?
Ergue-te da mansidão,
Nada os rios da estranheza.
Toca os sinos da revolta,
Faz os outros levantar,
Teu fado é a Portuguesa,
É morrer a navegar.
Deixa lá de os ouvir,
Começa tu a falar,
Deixa o teu sangue fluir,
E o porão iluminar!
Quero-te ver de bandeira,
Podes morrer, Vela acesa!
Mas a tua luta, ainda que derradeira,
Tira ao ilustre...a certeza!

Óscar Dinis

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