As árvores pareciam sombras celestes, vapores sólidos que emanavam do solo pela manhã. Contemplava o nascimento do dia, o céu ainda nubloso através do vidro fumado da retina. O dia, que tal como as células de nosso corpo, se sucede e efectua as mesmas viagens num pequeno grande ciclo, prisioneiro de uma infinidade de ciclos imensos que se sucedem, precedem, antecedem e invariavelmente se repetem. Caminhava por entre o labirinto de minhas circunvoluções cerebrais, fechado no cativeiro da redundante da existência, enclausurado na chaga purulenta de uma ferida macrocosmico-biliar.
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O sangue transforma-se em oxigénio líquido e, liquidado pela gélida temperatura do cosmos, solidifica, edificando uma estrutura ramificada como as árvores vestidas pelos flocos de neve que me sepultam. Exulto de raiva e dispo-me da carne que se despede de mim explodindo em bocados e causando graves danos nas viaturas que se encontram estacionadas metros à frente. Os ossos evaporam-se e os alvéolos pulmonares paralisam. Vesícula biliar fungiforme e coração poroso de urânio empobrecido.
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O momento presente é aguardar que o sonho passe e edificar um complexo turístico dedicado às artes circenses. Deglutir, defecar, dormir e definhar.
Perceptir as coisas na homeopatia do tempo, onde o passado, o presente e o futuro se fundem na alucinação, na imaginação, no sonho e no desejo. Ver o visível e sonhar o impossível horas depois da imortalização dos acontecimentos na fita magnética da existência.
----------------------------------------------Um coliforme fecal de características macroscópicas flutua no rio e tudo isto se passa no microcosmos de bactérias que o habita.
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