sábado, 16 de junho de 2012

Lendas do velho Este...parte X...FIM.



Lendas do velho Este...parte X

O “velho Este “ e Armindo Gonçalves esperaram pela manhã para levar o corpo de Tarazendo para o deserto “Da Sara” que distava a cerca de 30 quilómetros de Marioscas.
Chegados bem dentro do inferno de areia decidiram deixá-lo sem campa, abandonado aos abutres e atado a um tronco de árvore seca que ficara por ali deitado. Ataram-no ao tronco com uma corda grossíssima. Depois viraram costas e voltaram para Marioscas antes que o sol começasse a apertar!
Armindo, glorioso, correu para casa contar as novidades sobre a sua nova personalidade a Aridélia. Ia dizer-lhe que agora era um homem novo. Ia deixar a bebida e perder a barriga . Em relação aos bigodes , e estranhamente, tinham caído algures durante a noite e não voltaram a crescer.
Quando chegou a casa tinha um post it no computador onde Aridélia lhe contava da sua decisão de ir viver o resto dos seus dias com um cavalo! Chorou um pouco, mas depois pensou mais friamente e disse:
- Que se lixe!!! O que eu ontem fiz com Aminócrácio foi história e será relembrado para todo o sempre. Vou ficar em Marioscas com o “velho Este “ e juntos traremos prosperidade, segurança  e paz ao nosso povinho…tenho dito!!!..Adeus Aridélia, outras haverão!!!



Um casal de lacraus esfaimados descia pelo corpo aparentemente morto de Tarazendo, antecipando um farto manjar.
Num magnifico golpe de língua Tarazendo aconchegou-os á boca e numa só dentada engoliu-os!
- Ah!!! Finalmente umas vitaminas!!!- disse.
Depois olhou em redor o horizonte de areia abrasadora e sentindo-se preso e amarrado a um toco de árvore seco e sentado ao sol do deserto, disse:
-Foda-se! Eu fui abatido pelo espírito de uma estátua ou quê? O gajo que me deu os três tiros no peito era igualzinho aquele de bronze que aqui há uns anos eu naifei e vendi a uns romenos.
A seguir deu uma dentada brutal nas cordas grossas que o prendiam e libertou-se! Apalpou os bolsos das calças e só encontrou por lá um isqueiro. Arrancou o dedo mindinho e fumou-o com prazer. A seguir olhou o sol e pensou…”o sol vagueia para Este…é por aí o caminho de regresso para Marioscas.”
Avançou sem demora e nele existia um olhar maldito, vingativo e aterrador...
Mais tarde ao passar pelo casebre de Percebes Lucidus e percebendo a sua ausência...roubou-lhe uma égua e fincou caminho até á cidade.

Tarazendo Azílio esporou os flancos da sua montada e assomou ao topo da colina. Lá em baixo estendia-se lânguida sob o calor do sol de fim de tarde, Marioscas city, uma cidade já por Tarazendo subjugada noutras investidas anteriores!


FIM


Óscar Dinis


Sem comentários:

Enviar um comentário

Direitos de Autor

Creative Commons License
Nas Garras de um Deus Maior by Oscar Dinis is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivs 3.0 Unported License.

Blogues parceiros:

Últimas publicações:

Rossa máis náum èh matuh!

Alto da Trigueira - Agricultura Biológica

Humor a Sêco - Os cartunes do Trevim

CENTRO DAS MARRADAS