Por mim.

Sei, sinto-o, que voltarei inevitavelmente, e de novo, à capela da floresta negra e que por lá permanecerei até que nova "luz" me devolva ao mundo. Segui-la-ei novamente, e outra, e outra vez, sempre que a verdade e a luta reclame a minha espada e o meu sangue possa correr em favor de um ideal que o mereça. Até lá, continuarei a sangrar, é evidente, mas, pelos punhais dos irredentos da cobardia, dos vingativos, que hoje se vão escondendo à espera dos seus melhores dias, que serão os meus na capela da floresta negra. Serei "recondenado" quando a luz se voltar a apagar, mas assim o desejo também. Só luto as minhas lutas e as lutas dos que me iluminaram. Nunca lutarei em prol de escuridões algumas, ainda que o meu sangue seja por elas largamente derramado. Por amor à justiça e lealdade, perecerei novamente no podre esquecimento...e porque aberrante aos poltrões serei exilado de tudo o que fiz em "luz", pelos mortificados por esta. Serei de novo a besta, o hazazel, o eremita trazedor das pragas todas, serei o que os mortos vivos uma vez mais me irão destinar. O que não serei nunca é invisível, e sejam quais forem as circunstâncias, os fracos nunca me terão. Só a luz me tem em todo...pelo seu próprio esplendor. A capela da floresta negra não é, nas alturas de regência dos apócrifos, o meu castigo. É o meu refúgio, eufemismo,...a única distancia possivel para coser as chagas dos punhais enferrujados de noite, por tantos anos de escuridão absolutista. Que belos castigos me deram, que enorme o que agora se aproxima. Que venham, que me lutem...porque eu nunca vestirei as suas roupas. Nunca, por ali, quem melhor se "vestiu" foi quem melhor se lavou. E eu sou um Homem, um Homem de fogo, que pertence à "luz",e também à àgua por amor. 

Óscar Dinis